Violas Nordestinas fazem apresentação em Ijuí

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(Foto: E:Antonio Madureira; C:Ivanildo Vilanova; D: Cássio Nobre)

Na noite de sábado, 31 de outubro, no Teatro do Sesc de Ijuí, os violeiros Antônio Madureira, Ivanildo Vilanova e Cássio Nobre realizaram a apresentação musical do Projeto Sonora Brasil. A Associação Cultural Canto de Luz se fez presente ao evento que arrancou aplausos do público após cada execução musical e ao ouvir as histórias e “estórias” contadas pelos violeiros.

Radicado em Recife, o potiguar Antônio Madureira foi o primeiro a subir ao palco. Trouxe em seu repertório sonoridades regionais denominadas “Romances”, base musical de sua obra. Explicou que “…os romances eram tocados somente em viola mas com o tempo passaram para composições escritas do ‘cantador regional nordestino’ e evoluiu para as cantorias de “cordel”. Madureira é violeiro de muita técnica e na apresentação de seu repertório de romances intercalou diálogos apresentando ao público a origem das composições. É importante músico militante, tanto que fez parte do “Movimento Armorial”, criado pelo ícone da literatura nacional, o escritor paraibano Ariano Suassuna.

O segundo a se apresentar foi Ivanildo Vilanova. O paraibano é repentista e apresentou seus “desafios” em sextilhos. Afirmou que esta espécie de “repente” é muito popular no nordeste porque as rimas “…são do segundo verso com 4º, do 4º com o 6º” e se “…diferem da trova regional gaúcha” porque as rimas não necessariamente precisam ser exatas. Foi parceiro musical de Bráulio Tavares e tiveram músicas gravadas por Elba Ramalho. O repentista por “brincar com os versos”, exibiu um desafio ao público, citou Teixerinha, Jaime Caetano, José Mendes, dos quais afirmou ser admirador do trabalho.

Para fechar a noite de sábado, o último violeiro a se apresentar foi o maranhense, segundo ele próprio “…criado em Salvador.” Cássio Nobre. Cássio, além de múltiplo instrumentista, também é pesquisador do samba de roda ou samba de chula, que se encontra popularmente concentrado na região do Recôncavo Baiano e também na antiga região de cana, com destaque para Maracangalha e Santo Amaro. Samba de Chula, explicou Cássio Nobre “…ocorre quando a partir do toque de viola uma dupla de cantadores faz um verso e outra dupla responde com um verso chamado ‘relativo”, ou seja, “um verso menor que arremata a chula. Esse coro “…geralmente é feito por mulheres…”, com reciprocidade de palmas.

Das músicas apresentadas por Cássio no palco do Sesc destacam-se “Couraça” cuja autoria é em parceria com Carlos Caji. O músico refere-se a esta composição como sendo resistência das culturas regionais populares sobre a massificação de músicas com caráter geral e apenas transitório.

A viola trazida ao palco por Cássio Nobre é a “machete”, instrumento de dez cordas (cinco duplas de cordas) afinadas em sequência de “RÉ”, “SOL”, “DÓ”, “MI” e “LÁ”. É característico do Recôncavo Baiano, de origem portuguesa. Há inclusive projetos para o resgate deste instrumento.

Essa foi a 18ª Edição do Projeto Sonora Brasil e Ijuí foi uma das nove cidades gaúchas a sediar o evento.